Person:Alexandre Casimiro (3)

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Alexandre das Dores Casimiro
  1. Alexandre das Dores CasimiroEst 1863 - Est 1910
Facts and Events
Name Alexandre das Dores Casimiro
Gender Male
Birth[1][10] Est 1863 Glória, Aveiro, Aveiro, PortugalNossa Senhora da Glória
Occupation[3] 1883 Aveiro, Aveiro, PortugalEstudante
Occupation[9] 13 Aug 1884 Vila do Conde, Vila do Conde, Porto, PortugalProfessor Complementar
Occupation[4] 7 Nov 1892 Barreiro, Setúbal, PortugalProfessor Complementar
Occupation[1] 19 Aug 1893 Professor Complementar
Marriage Vera Cruz, Aveiro, Aveiro, Portugalto Amália Rosa de Almeida
Residence 19 Aug 1893 Ovar, Ovar, Aveiro, PortugalRua da Praça
with Amália Rosa de Almeida
Occupation[6][8] From 10 Apr 1895 to 8 May 1896 Ilha de Moçambique, Nampula, MozambiqueProfessor Vitalício da Escola Principal da Província de Moçambique, Instalada no Convento de S. Domingos
Occupation[6] Est 1897 Delegado do Conselho Inspector de Instrução Pública
Death[10][11] Est 1910 São Tomé and Príncipe

Contents

Vida Pessoal

Alexandre das Dores Casimiro, filho de Rita Casimiro, nasceu em Nossa Senhora da Glória, Aveiro. Casou com Amália Rosa de Almeida, de quem teve 3 filhos: Alexandre de Almeida Casimiro, Alexandra de Almeida Casimiro e Fantina de Almeida Casimiro.

Percurso Académico e Profissional

Em 1883 começou a publicar-se A Folha Académica, jornal dos estudantes de Aveiro, sob a responsabilidade de Alexandre das Dores Casimiro, que apenas durou até 10 de Maio seguinte.
Fonte: Aveiro - Apontamentos Históricos, José Reinaldo Rangel de Quadros Oudinot, Câmara Municipal de Aveiro, 2009 (pg. 115, VIII)

A 13 de Agosto de 1884 é nomeado Professor na Freguesia e Concelho de Vila do Conde.
Fonte: Nomeação de professores para o concelho de Vila do Conde (1873-1891).

Em 1892 solicita o empenho de Bernardino Machado para obter o lugar de professor da Escola Principal de Moçambique, mostrando-se insatisfeito com o cargo desempenhado no Barreiro(?).
Fonte: Carta de Alexandre das Dores Casimiro a Bernardino Machado, 7 de Nov 1892

Passagem pela Escola Principal da Província de Moçambique (1895-1896)


Funcionamento das Escolas de Instrução Pública na Província

Pouco se sabe acerca do funcionamento das oito escolas propostas pelo Governador Fortunato do Vale em 1849. Quanto à Escola Principal da Província de Moçambique sabemos que, pelo menos até 1851, não dispunha de material, dado que é nesta data que o professor Guilherme Cardoso elabora uma requisição pedindo, ““com a maior urgência””, o material indispensável para o ensino na aula que então regia. (...)
Entre 1884 e 1895, o número de alunos da Escola Principal não tinha ido além dos 6 alunos. Nomeado como professor vitalício, Alexandre das Dores Casimiro dirigiu, ao tomar posse em 17/9/1895, um relatório ao Secretário-geral da província onde dava conta das dificuldades que impediam o bom funcionamento da escola:

Tendo de ser abertas as aulas da escola principal desta cidade no dia 10 de Outubro, cumpre-me participar que a casa da escola de instrução primária elementar, onde tenho professado as disciplinas do curso da escola principal, não pode continuar a servir para este fim pelos seguintes motivos: 1º - estar a sala da aula ocupada com o ensino primário, desde as 10 h da manhã até ao meio da tarde, ficando-me, por isso, muito pouco tempo para empregar o serviço do meu cargo; 2º - não poder tomar sob minha imediata responsabilidade os utensílios que tem de ser adquiridos para complemento da mobília escolar, 3º - não haver naquele edifício em que tenho funcionado uma sala que possa servir para secretaria e arquivo da escola principal. Por estes motivos e outros que julgo importantes, rogo a V. Exa. se digne conceder-me casa nas devidas condições, bem como os objectos que indico na requisição junta, a fim de ficar a escola instalada de modo que dê os resultados que devem esperar-se dela. Rogo também a V. Exa. me mande dar casa para minha habitação, pois que, pelo art. 52 da Lei de 30 de Novembro de 1869, tenho direito a ela visto continuar a pertencer à instrução primária.

  1. In Arquivo Histórico de Moçambique. Fundo do século XIX. Governo-Geral de Moçambique. Caixa 8110, Maço 3 (1 a 2). Carta do professor Alexandre das Dores Casimiro ao secretário-geral da província de Moçambique, 10 Jul 1893

Estas dificuldades eram acumuladas por outras faltas, designadamente em termos de equipamento e mobiliário escolar. Anexa à carta, o professor enviava uma requisição solicitando um conjunto de materiais cuja inexistência ilustra bem as condições de precaridade em que funcionavam estes estabelecimentos.

  • Mesa, cadeira e estrado para o professor;
  • 6 cadeiras e 1 mesa para a secretária,
  • 1 estante para arquivo,
  • 5 mapas (Europa, Ásia, África, América e Oceânia)
  • 1 mapa mundi ou planisfério;
  • 2 mapas de Portugal (um mudo e outro falado)
  • Mapas das colónias e parte insular (Açores, Madeira, Cabo Verde, Guiné, S. Tomé, Angola,
  • Moçambique, Índia , Macau e Timor)
  • 3 esferas (terrestre, celeste e armilar)
  • 6 mesas, carteiras para os alunos com tinteiros adequados e respectivos bancos
  • 1 tinteiro para o professor,
  • 1 quadro de ardósia com o respectivo cavalete
  • 1 ponteiro de madeira de 1,5 m de comprido, giz e esponja
  • 1 compasso de madeira e giz próprio
  • 1 esquadro e transferidor grandes para os exercícios de desenho geométrico
  • 24 figuras de desenho umas em estampa e outras em relevo, para o desenho à vista
  • 1 colecção de sólidos geométricos
  • 1 relógio de parede
  • 1 livro para o registo dos exames finais dos alunos da escola principal
  • 1 carimbo de aço com o selo da escola principal
  • 2 exemplares de tábuas de logaritmos de Dupuis ou Calais.
  1. In Arquivo Histórico de Moçambique. Fundo do século XIX. Governo-Geral de Moçambique. Caixa 8110, Maço 3 (1 a 2). Requisição anexa à carta do professor Alexandre das Dores Casimiro ao secretário-geral da província de Moçambique, 10 Jul 1893

Em 1896, o mesmo professor enviava à secretaria-geral o horário da escola principal informando que era o que tinha sido adoptado pela escola no começo do ano lectivo de 1895-96:

Tenho a honra de dizer a V. Exa. que o horário desta escola, organizado por mim no começo do ano lectivo de 1895/96, é o seguinte: Português - todos os dias, das 11h da manhã até meia hora depois do meio-dia; Aritmética - todos os dias, das 2 h da tarde às 3.45h; Geografia - terças-feiras e sábados, das 12.30h às 13.45h; Desenho - segundas-feiras, quartas-feiras e sextas-feiras, das 12.30h às 13.45h da tarde. Tenho a ponderar a V. Exa. que, quando este horário foi feito, estavam matriculados 6 alunos, dos quais só frequentam presentemente dois. O grande obstáculo que tenho encontrado no meu magistério tem sido, além da carência de meios materiais, a falta de livros adequados que não podem ser escolhidos por mim, mas pelo governo, ouvido o Conselho Inspector de Instrução Pública (Artº 64, § único da lei de 30 de Novembro de 1869). De modo que me vejo obrigado a ensinar Português sem gramática, tendo por livro de Leitura e Análise o Paleógrafo.

  1. In Arquivo Histórico de Moçambique. Fundo do século XIX. Governo-Geral de Moçambique. Caixa 8110, Maço 3 (1 a 2). Resposta do professor Alexandre das Dores Casimiro à circular nº 4, de 17 de Janeiro de 1896, enviada pelo Secretário Geral da Província de Moçambique, 27 Jan 1896

A partir desta data não há registos relativos à frequência ou funcionamento da escola mas, num relatório sobre a instrução pública em Moçambique, publicado em 1930, refere-se laconicamente que "após 51 anos de insignificante frequência, a Escola Principal foi extinta por portaria de 8 de Maio de 1896". Em 1895 existiam no activo outras escolas de instrução pública primária em Moçambique, duas para o sexo masculino e uma para o sexo feminino, qualquer uma com uma frequência diminuta (nenhuma delas registava mais de 6 alunos). Por contraste, a escola de ensino livre que existia na Ilha de Moçambique, regida pelo professor muçulmano Massoudi, que ensinava em língua suahili, era muito frequentada. Alexandre Casimiro, entretanto nomeado delegado do Conselho Inspector de Instrução Pública, não podia deixar de comparar a frequência daquela escola com a das escolas portuguesas considerando que a fraca frequência destas se devia ““à relutância dos indígenas em estudar em nossas escolas”” e ao facto de se encontrarem na época estival, altura em que os alunos tinham tendência a abandonar a escola.

Fonte: Ler, Escrever e Orar: Uma análise histórica comparada dos discursos sobre a educação, o ensino e a escola em Moçambique - 1850 a 1950, Ana Isabel Madeira, 2007


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  • Actual tribunal da Ilha de Moçambique, antigo Convento de S. Domingos, onde funcionou a Escola Principal da Província de Moçambique.


A Escola Principal de Moçambique – do projecto à realidade

A prestação de serviço docente na escola poderia ser pontual como, nos anos noventa, a do Padre Antonio Carlos Pires dos Santos, em Moçambique que seria nomeado a 4 de Julho de 1894, por portaria 331 e ouvido o conselho inspector de instrução pública para a Escola Principal. Seria o missionário exonerado a 10 Abril de 1895, em virtude de se ter apresentado o proprietário do lugar na Escola Principal, Alexandre das Dores Casimiro.

Por portaria nº 147 do Governo-geral de 8 de Maio de 1896 e “por o movimento escolar durante o longo período de 51 annos não ter compensado as despesas” da fazenda pública, determina-se que a escola principal de instrução primária de Moçambique seja encerrada.
A portaria nº 150 do Governo-geral determina que, tendo fechado a escola principal de instrução primária da Província de Moçambique, o professor Alexandre das Dores Casimiro seguirá no próximo paquete para Lourenço Marques, ficando ao serviço do departamento de agrimensura com gratificação a estipular.

Fonte: As Vicissitudes do Sistema Escolar em Moçambique na 2ª metade do Século XIX - Hesitações, Equilíbrios e Precariedade, Casimiro Jorge Simões Rodrigues, 2007

Bibliografia

Alexandre das Dores Casimiro foi autor, co-autor e tradutor de uma série de obras literárias:

  • A chronologia das escolas primarias / por Alexandre das Dores Casimiro. Porto : Empreza Litteraria e Typographica, 1887.
  • Arithmetica das escolas primarias adequada para o ensino dos 1 . e 2 . graus / Alexandre Dores Casimiro. Porto : Typ. da Empreza Litteraria e Typographica. 1887.
  • Geometria das escolas primarias / Alexandre Das Dores Casimiro. Porto : Typ. da Empreza Litteraria e Typographica. 1888.
  • Geographia das escolas primarias... / por Alexandre das Dores Casimiro. Porto : Empr. Litteraria e Typ., 1890.
  • Breve resumo da história de Portugal / Alexandre das Dores Casimiro. Porto : Lello, 1893.
  • História do mundo ou breve resumo da história universal / Victor Duruy ; trad. Alexandre das Dores Casimiro ; com um complemento até aos nossos dias por António G. Mattoso. Lisboa : Liv. Sá da Costa, 189?.

Fonte: Biblioteca Nacional de Portugal

References
  1. 1.0 1.1 Birth Place and Occupation, in Assento de Baptismo de Alexandre de Almeida Casimiro. (19 Aug 1893).
  2.   Registo de Nascimento de Alexandre Jorge Teixeira de Almeida Casimiro. (25 Dec 1929).
  3. Aveiro - Apontamentos Históricos, José Reinaldo Rangel de Quadros Oudinot, Câmara Municipal de Aveiro
    Pg. 115, VIII, 2009.
  4. Carta de Alexandre das Dores Casimiro a Bernardino Machado
    7 de Nov 1892.
  5.   Arquivo Histórico de Moçambique. Fundo do século XIX. Governo-Geral de Moçambique
    Caixa 8110, Maço 3 (1 a 2), 1893 - 1896.
  6. 6.0 6.1 Ler, Escrever e Orar: Uma análise histórica comparada dos discursos sobre a educação, o ensino e a escola em Moçambique - 1850 a 1950, Ana Isabel Madeira
    2007.
  7.   Biblioteca Nacional de Portugal.
  8. As Vicissitudes do Sistema Escolar em Moçambique na 2ª metade do Século XIX - Hesitações, Equilíbrios e Precariedade, Casimiro Jorge Simões Rodrigues
    2007.
  9. Nomeação de professores para o concelho de Vila do Conde (1873-1891).
  10. 10.0 10.1 Data de Nascimento e Data de Morte conjecturadas através de outras datas.
  11. Local de Morte não comprovado.